06/10/2015 às 23h10

Transporte fácil a empregado que mora a mais de 60 Km não receberá horas de deslocamento

Por Equipe Editorial

A […] S.A. não terá de pagar o tempo gasto no percurso de casa para o trabalho (horas in itinere) de um operador de produção de Santa Helena (GO). Ele gastava uma hora no percurso de 60 km entre a sua cidade e a empresa, localizada em Rio Verde, em transporte fornecido pela empresa em parceria com o município de Santa Helena. O empregado recorreu, mas a Sétima Turma do Tribunal Superior do Trabalho não conheceu do seu recurso.

Função Social

A Primeira Vara do Trabalho de Rio Verde havia lhe deferido a verba, mas o Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região (GO) reformou a sentença entendendo que a empresa não pode ser onerada com o pagamento das horas in itinere. Isso porque a […] “desempenha importante função social na geração de empregos para a população vizinha à Rio Verde”, especificamente para Santa Helena, sendo que Rio Verde tem trabalhadores suficientes para atender a sua demanda, o que “suplanta o pagamento de deslocamento”.

O TRT18 também ponderou que a verba relativa às horas in itinere, ainda que pagas aos empregados residentes em Rio Verde, para os de Santa Helena “representa uma benesse, tendo em vista que o custo da empresa é muito maior para trazer esses empregados de localidades mais distantes”.

Difícil acesso

O empregado alegou ao TST que o fato de a empresa ter firmado acordo com o município de Santa Helena para contratação de trabalhadores locais não a exime de pagar os direitos legalmente previstos. No entanto, o relator que examinou o recurso, ministro Cláudio Brandão, observou que a decisão regional “não consignou expressamente que o local de trabalho era de difícil acesso”.

O relator esclareceu que o TST considera necessário para o deferimento das horas in itinere que o empregador forneça transporte aos seus empregados e, também, que o local de trabalho seja de difícil acesso ou não servido por transporte público regular (Súmula 90), o que não foi registrado pelo Tribunal Regional.

Levando em conta as peculiaridades do caso e o quadro fático deficiente verificado no processo, o relator não conheceu do recurso.

A decisão foi unânime.

O TST possui oito Turmas julgadoras, cada uma composta por três ministros, com a atribuição de analisar recursos de revista, agravos, agravos de instrumento, agravos regimentais e recursos ordinários em ação cautelar. Das decisões das Turmas, a parte ainda pode, em alguns casos, recorrer à Subseção I Especializada em Dissídios Individuais (SBDI-1).

Fontes: Recurso de Revista nº 1397-42.2012.5.18.0101, 7ª Turma TST, acesso site www.tst.jus.br em 05/10/15.